Universidade Federal do Norte do Tocantins

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EVENTO

UFNT realiza Jornada ERER e fortalece a construção de uma educação antirracista

publicado: 11/08/2025 13h35,
última modificação: 11/08/2025 14h08

Tocantinópolis (TO) — A Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), através do Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares da África e dos Afro-brasileiros e Indígenas (NEAFI) promoveu, nos dias 8 e 9 de agosto, a Jornada ERER: construindo uma educação antirracista, evento que marcou o encerramento do Curso Interdisciplinar de Formação em Educação para as Relações Étnico-Raciais. A jornada reuniu professores da educação básica, pesquisadores, estudantes, lideranças quilombolas, indígenas e representantes de movimentos sociais em um amplo espaço de diálogo, troca de experiências e valorização das identidades.

O curso, desenvolvido pela UFNT em parceria com o Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI), teve duração de seis meses e envolveu docentes de quatro polos: Augustinópolis, Araguatins, Porto Franco e Tocantinópolis. A formação buscou ampliar os conhecimentos sobre a aplicação da Lei 10.639/2003 e da Lei 11.645/2008, que tornam obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena nas escolas.

Mesa-redonda e vozes quilombolas

A programação da Jornada ERER contou com conferências, oficinas, apresentações culturais e mesas-redondas. Um dos destaques foi a mesa “Vozes quilombolas: educação, território e resistência cultural”, que reuniu Sirlene Matos, liderança e educadora quilombola do Quilombo Mumbuca; Lindiane de Santana, pesquisadora e militante do movimento negro; e Manoel Filho Borges, representante da comunidade Quilombo dona Juscelina. O debate trouxe reflexões sobre os desafios enfrentados pelas comunidades na luta pelo território, pela preservação das tradições e pelo acesso à educação de qualidade.

Outra mesa de grande relevância foi “Conhecimento, Privilégio e Desigualdade: A Escola como Território de Reexistência Étnico-Racial”, com as professoras Camila Simões Rosa e Priscila Elisabete da Silva. A atividade propôs uma reflexão crítica sobre como a escola pode tanto reproduzir quanto enfrentar as desigualdades raciais. As discussões destacaram a importância da valorização dos saberes historicamente marginalizados e o papel da escola como espaço de reexistência e afirmação identitária.

Arte, cultura e resistência

Além dos debates acadêmicos, a Jornada ERER também foi um momento de celebração cultural. A Noite Cultural apresentou música, poesia, dança e outras manifestações que expressam a diversidade e a força das culturas afro-brasileira e indígena. Um dos destaques foi a apresentação do Bumba Meu Boi do Favela, com o tema “Da Ilha ao Porto, meu Boizinho chegou”, organizada pela CIATDAL – Companhia de Teatro e Dança Arte Livre. A performance encantou o público ao celebrar as tradições populares em um espetáculo de cores, ritmos e narrativas que dialogam com a ancestralidade e a resistência cultural. O show da cantora Ruaní encerrou a programação cultural, trazendo um repertório que mesclou ritmos regionais e canções autorais.

Compromisso institucional

Para o coordenador do evento, professor Mauro Torres Siqueira a Jornada ERER reforça o papel da universidade pública na promoção da equidade racial: “Mais do que um encerramento de curso, este é um encontro de saberes. Reunimos aqui educadores, comunidades e movimentos sociais para reafirmar que o combate ao racismo e a valorização das culturas afro-brasileira e indígena são compromissos inegociáveis da educação”, destacou.

Texto: Eveliny Jácome