Programa de Pós-Graduação em GEOGRAFIA
Área(S) de Concentração
Dinâmicas espaciais: paisagem, território e educação
A área de concentração do curso de mestrado é em dinâmicas espaciais com foco no estudo sobre paisagem, território e educação, buscando produzir pesquisas que abarquem temáticas socioespaciais em suas dimensões territoriais e complexidades geográficas existentes na área de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica. Trata-se de um importante recorte espacial para produção de estudos da dinâmica da paisagem em suas facetas espaciais, ambientais e educacionais, a saber: o complexo processo de produção das territorializações e territorialidades de grupos étnicos e culturais; das (re)existências de comunidades tradicionais quilombolas, indígenas, extrativistas vegetais e minerais, ribeirinhas; da produção de estudos que evidenciam os desafios e propostas de uma educação pautada na realidade regional; e dos processos e conflitos oriundos da modernização do território a partir dos complexos sistemas agroindustriais e minerais instalados na região nas últimas décadas.
Essas duas linhas não constituem blocos monolíticos baseados na separação e fragmentação entre temáticas relacionadas à Geografia Humana e Geografia Física. O esforço aqui empreendido na construção das linhas visa fomentar que tanto as questões problemas quanto os objetos de investigação sejam atravessados indissociavelmente pelas temáticas físico-naturais e humano-sociais.
Linha 1 – Dinâmicas espaciais e Educação em Geografia
Essa linha de pesquisa tem o objetivo de fomentar pesquisas sobre a organização e produção do espaço geográfico, com análise das questões relacionadas ao uso e à ocupação do solo urbano e rural, e da resistência dos povos indígenas, quilombolas e camponeses pela permanência no território, construindo debates educacionais nos diversos temas discutidos sob a ótica do ensino de Geografia. Trata-se de uma região em que há grande quantidade de assentamentos e de expropriados rurais em busca da terra, resultado do histórico de conflitos agrários e lutas pela posse da terra na região. A condução e as práticas das políticas públicas das três esferas do poder (União, Estados e Municípios) e as suas materializações no espaço geográfico devem ser assumidas nessa linha de investigação como dimensões escalares de política indissociáveis e importantes no processo de produção espacial regional, prioritariamente, da Área de Transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica, que precisa ter seus impactos estudados, avaliados, para que se transformem em conhecimentos geográficos capazes de fomentar políticas públicas que almejem a justiça territorial. Trata-se de uma fronteira agrícola em expansão, com a introdução de técnicas modernas para o uso do solo, com adensamento da malha viária e novas e complexas configurações da rede urbana, que impactam os modos de vida das populações locais nas suas dimensões materiais e subjetivas. Emerge no debate como a geografia produz o diálogo da produção do espaço em diálogo com as práticas educacionais dos diferentes níveis de ensino da Educação Básica, técnica e superior.
Linha 2: Estudos da paisagem e do território
Essa linha de pesquisa está direcionada para estudos das paisagens e do território. A diversidade de paisagens e elementos da Área de Transição entre o Cerrado e Floresta Amazônica, que constitui a região a qual a UFNT se insere, possuem múltiplas dinâmicas e interações se inter-relacionam com os diversos grupos sociais existentes, fornecendo um quadro único para o desenvolvimento de pesquisas geográficas. O aprofundamento de estudos sistêmicos envolvendo aspectos pedológicos, climatológicos, geomorfológicos e fitogeográficos alterados por impactos decorrentes de grandes projetos governamentais, como usinas hidrelétricas e ferrovias, e projetos privados, como a mineração e a agricultura modernizada, entre outros, é necessário para dimensionar os seus efeitos na sociedade local-regional, os seus impactos ambientais e as possibilidades de mitigação O território e a paisagem são assumidas nessa linha de pesquisa como categorias geográficas centrais, uma vez que as dinâmicas socioespaciais acima anunciadas serão abordadas a partir de suas múltiplas e distintas dimensões de análise, de escalas espaciais, dos diferentes grupos sociais envolvidos e de seus processos de constituição de identidade territorial.