Universidade Federal do Norte do Tocantins

UFNT

Evento

UFNT fortalece integração entre pesquisa e comunidade em debate sobre extensão na pós-graduação durante IV TEIA

Mesa redonda do TEIA 2025 destacou experiências de projetos realizados em comunidades quilombolas e tradicionais e reafirmou o compromisso da universidade com uma ciência transformadora e dialógica.

publicado: 31/10/2025 14h11,
última modificação: 31/10/2025 14h14

Araguaína (TO) – A Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT) promoveu, na quarta noite do Seminário Integrado Ciência e Sociedade – TEIA 2025, a mesa redonda “Extensão na Pós-Graduação”, um espaço de reflexão sobre os desafios e as possibilidades da integração entre pesquisa, ensino e extensão no ambiente acadêmico. O encontro foi mediado pela professora Marielen Aline Costa da Silva, coordenadora de Pesquisa da UFNT.

A iniciativa faz parte de um esforço institucional que, há dois anos, busca consolidar a inserção da extensão tanto na graduação quanto na pós-graduação, ampliando o diálogo entre universidade e sociedade e desenvolvendo um projeto piloto pioneiro entre os programas de pós-graduação da instituição.

Extensão como prática transformadora

O professor Denirval Venâncio Ramos Jr., coordenador do Programa de Inserção da Extensão na Pós-Graduação (PROEX/PG), apresentou a trajetória do projeto “Interdisciplinaridade e Diálogo para o Desenvolvimento Sustentável na Amazônia”, inspirado no edital nº 3/2024 da CAPES. Construído coletivamente com todos os programas da UFNT por meio da metodologia EcoMetaPlan, o projeto tem como objetivo promover uma extensão dialógica, interativa e transformadora, conectando saberes acadêmicos e populares e fortalecendo a interdisciplinaridade.

Em 2024, o programa passou por uma fase de diagnóstico participativo com comunidades tradicionais, resultando em uma avaliação positiva da CAPES pela relevância social da proposta. Os próximos passos incluem a execução dos planos de trabalho e a realização de um seminário de avaliação dos resultados.

Projetos que conectam universidade e comunidades tradicionais

Três projetos foram apresentados como exemplos da aplicação prática do programa:

Formação de Consciência Eco-histórica e Práticas Sociobiodiversas na Comunidade Quilombola Dona Juscelina (Muricilândia, TO) – Coordenado pela professora Olívia Macedo Miranda de Medeiros, o projeto busca fortalecer a autonomia política e econômica da comunidade, com destaque para o protagonismo das mulheres quilombolas. A proposta prevê a criação de uma cozinha de medicina ancestral para a produção de medicamentos e produtos locais.

Diagnóstico Participativo de Problemas da Comunidade Quilombola Cocalinho (Santa Fé, TO) – Apresentado pela professora Helciléia Santos Dias, o projeto une os programas de Sanidade Animal e Saúde Pública nos Trópicos (PPGSASPT) e Zootecnia (PPGIZT). Entre as principais demandas identificadas estão a titulação territorial, o acesso a apoio jurídico e ações de educação em saúde e cidadania.

Demandas e Potencialidades Sociais dos Programas de Pós-Graduação no Centro-Norte do Tocantins – Coordenado pelo professor Eliseu Pereira de Brito, o projeto trabalha com cartografia participativa e monitoramento de queimadas, em parceria com comunidades indígenas e assentamentos rurais. Uma das conquistas foi a construção de uma casa de polpas e cozinha multifuncional no assentamento Amigos da Terra, fortalecendo a produção e agregando valor aos produtos da sociobiodiversidade local.

Desafios e perspectivas

Durante o debate, os participantes apontaram desafios como limitações de financiamento, logística para acesso a comunidades distantes e a necessidade de fortalecer a cultura extensionista na pós-graduação. Também destacaram a importância de reconstruir a confiança das comunidades nas instituições de ensino, historicamente fragilizada por práticas de pesquisa sem retorno social.

Como caminhos, foram sugeridas parcerias interinstitucionais, formação docente voltada à extensão e o reconhecimento do papel do professor-extensionista como agente de transformação social.

A mesa redonda reafirmou o compromisso da UFNT em consolidar uma pós-graduação comprometida com o desenvolvimento regional, capaz de transformar o conhecimento científico em ações concretas nas comunidades tradicionais do Tocantins e da Amazônia.