Araguaína (TO) — O Centro de Ciências Integradas (CCI), no câmpus da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), sediou no ultimo dia 15 de maio, mais uma formação continuada voltada a professores que atuam no sistema prisional. A atividade integra as ações formativas do Colégio Estadual Sonho de Liberdade, que funciona na Unidade de Tratamento Penal Barra da Grota, e contou com a participação de docentes, gestores escolares e representantes da universidade.
A iniciativa é fruto da parceria entre a UFNT, por meio do curso de Letras, e o sistema penal estadual, com foco na valorização e no fortalecimento da prática pedagógica em ambientes de privação de liberdade. A formação foi conduzida pela professora Valéria Medeiros, que atua na graduação e na pós-graduação em Letras e integra a Comissão de Validação da Remissão Penal pela Leitura.
“É mais uma ação, desta vez no campus universitário, para contribuir para a formação continuada e aprender com eles. É uma troca, na verdade. Acredito que é preciso atuar no sistema, aprendendo e contribuindo na efetivação de ações pedagógicas e da oferta de leitura e de educação no sistema penal” destacou a professora Valéria.
A proposta da formação partiu do diretor do Colégio Sonho de Liberdade, professor Walter Viana. Segundo ele, a experiência da educação no cárcere demanda um olhar diferenciado: “As vivências cotidianas da educação no cárcere são completamente diferentes da educação ministrada nas escolas regulares. Por isso, o processo educacional precisa ser direcionado para atender às peculiaridades desse segmento”.
Para o professor, o apoio da UFNT tem sido essencial. “É por meio dessa troca de ideias e experiências que ampliamos os horizontes dos profissionais envolvidos nesse processo. As formações ofertadas pela Seduc não contemplam a temática prisional, então saber que podemos contar com a parceria da UFNT nos reconforta e nos orienta diante dos desafios cotidianos.”
A UFNT vem se destacando também pela inclusão da disciplina optativa “Educação em Contexto de Privação de Liberdade”, no curso de Letras, que será novamente ofertada em 2025.2. A proposta tem atraído um número crescente de estudantes, incluindo a participação ativa do diretor e da pedagoga do colégio em 2024. “A educação em prisões oferece condições diferenciadas do ensino regular. Assim, o trabalho dos professores deve ser valorizado. Eles efetivam um direito garantido por lei. Muitos só conseguem estudar enquanto estão privados de liberdade — essa é a realidade”, reforça Valéria.
A pedagoga Rosália Coutinho, presente na formação, avaliou o encontro como altamente proveitoso. “Além da interação entre os colegas e a professora Valéria, que é uma parceira incrível do nosso colégio, pudemos discutir positivamente sobre a importância da formação continuada. O artigo de leitura trabalhado foi uma pesquisa bem feita e esclarecedora, com temática relevante.”
A professora Valéria acrescenta ainda que há uma tese de doutorado em andamento no Programa de Pós-Graduação em Letras, Linguística e Teorias do Texto (PPGLLIT), desenvolvida pela pesquisadora Gislene M. Santos, sobre formação docente para o ensino em prisões. “É mais uma ação que coloca a UFNT na vanguarda dos estudos em educação e leitura em prisões, tanto na graduação quanto na pós, ao mesmo tempo em que reconhece e dá visibilidade ao trabalho dos professores do Colégio Sonho de Liberdade”, conclui.
Texto: Sheylene Alves