Universidade Federal do Norte do Tocantins

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Saúde Mental

UFNT promove debate sobre valorização da vida no Setembro Amarelo

Evento reuniu especialistas, estudantes, servidores e comunidade para refletir sobre saúde mental de forma ampliada.

publicado: 26/09/2025 14h28,
última modificação: 29/09/2025 09h10

Araguaína(TO) — Nesta quinta-feira (25), a Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), por meio das pró-reitorias de Assuntos Estudantis e de Desenvolvimento de Pessoas, realizou o evento “Campanhas de valorização da vida: de quais vidas estamos falando?”. Integrando a programação do Setembro Amarelo, a atividade reuniu estudantes, professores, técnicos-administrativos e comunidade externa.

Na abertura do evento, o psicólogo Antonio Hugo de Castro destacou a gravidade do suicídio como um problema de saúde pública mundial, citando dados alarmantes divulgados por organismos internacionais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (2019), cerca de 700 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, o que equivale a uma vida interrompida a cada 35 segundos. No Brasil, o cenário também preocupa: o país ocupa a oitava posição em números absolutos, registrando em média 11 mil casos anuais — aproximadamente 31 por dia. Apenas entre 2010 e 2019, mais de 112 mil brasileiros perderam a vida dessa forma, o que representa um crescimento de 43% no período.

Para o psicólogo, esses números reforçam não apenas a urgência de ampliar os debates sobre saúde mental, mas também a importância de superar visões simplistas ou exclusivamente medicalizantes, compreendendo o fenômeno em toda a sua complexidade.

A programação foi dividida em dois momentos. Durante a tarde, ocorreu uma roda de conversa com a participação da psicóloga Rutileia Carneiro, especialista em suicidologia, e do psicólogo do Centro de Educação Humanidades e Saúde (CEHS/UFNT), Jocimar Dias de Oliveira Júnior, que discutiram a importância de reconhecer a multiplicidade de fatores que influenciam a experiência do sofrimento, como racismo, desigualdade econômica, colonialidade, cisheteronormatividade e capacitismo, que atravessam e potencializam experiências de vulnerabilidade e ressaltaram a necessidade de construir espaços institucionais de acolhimento.

À noite, foi realizada a palestra Saúde Mental na Universidade: da Promoção à Prevenção”, conduzida pelo psicólogo clínico Attílio Domingues Soares e Silva, que apresentou reflexões sobre os sentidos da vida e sobre como a forma de atribuir valor às experiências pessoais influencia diretamente o adoecimento mental.

Segundo Attílio, compreender o sofrimento psíquico exige um mergulho profundo nas escolhas e valores que orientam a vida. Em sua fala, destacou que tanto a ansiedade quanto a depressão compartilham um núcleo comum: o envolvimento com algo que é amado ou valorizado intensamente. Esse aspecto, segundo o psicólogo, demonstra que a saúde mental não pode ser reduzida a diagnósticos, mas deve ser compreendida em sua dimensão existencial, afetiva e relacional. A palestra despertou reflexões importantes sobre a forma como a universidade pode atuar na promoção da saúde mental, criando ambientes que favoreçam a prevenção e o cuidado integral.

Com a realização do evento tem o intuito de fortalecer o compromisso institucional com a promoção da saúde mental e a valorização da vida, estimulando a reflexão crítica e o diálogo aberto sobre o suicídio. A iniciativa amplia a conscientização da comunidade acadêmica e da sociedade em geral, destacando a importância de abordagens integrais que articulem dimensões clínicas, sociais e culturais no enfrentamento desse grave desafio de saúde pública.