Universidade Federal do Norte do Tocantins

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UFNT ganha destaque nacional e internacional com pesquisa que une ciência, arte e impressão 3D

Estudo liderado por professor da universidade foi publicado em revista científica internacional e citado na coluna de Marcelo Leite, da Folha de S.Paulo.

publicado: 16/06/2025 14h35,
última modificação: 16/06/2025 17h08

Araguaína (TO) — O professor Anderson Gomes Vieira, do Departamento de Física e Tecnologias Interdisciplinares da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), é um dos autores de uma pesquisa científica inovadora que ganhou repercussão nacional ao ser publicada na coluna do jornalista Marcelo Leite na Folha de S.Paulo – um dos jornais mais influentes do país – e também reconhecida internacionalmente por meio da publicação no Journal of Materials Science: Materials in Engineering, periódico de acesso aberto do grupo Springer. Mestre em Física e doutorando em Ciências de Materiais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Vieira coordena, em parceria com pesquisadores da UFPE, o desenvolvimento de uma superfície magnética inédita, criada por impressão 3D e inspirada em uma das obras de arte mais emblemáticas do Inhotim, em Minas Gerais.

O estudo resultou na criação da Superfície Beam Drop Inhotim (BDIS), que remete visual e conceitualmente à instalação Beam Drop Inhotim, de 2008, do artista norte-americano Chris Burden. Na obra original, vigas de aço foram lançadas aleatoriamente em uma grande poça de cimento fresco, formando uma composição visualmente caótica, porém verticalizada. Essa estética foi reinterpretada em escala nanométrica por meio de nanotecnologia e impressão 3D.

A superfície BDIS é formada por nanobastões magnéticos de óxido de ferro (magnetita), um material biocompatível e sensível a campos magnéticos. Os bastões têm aproximadamente 22 nanômetros de diâmetro e 220 nanômetros de comprimento e foram sintetizados em laboratório.

O grande diferencial da pesquisa está no método de fabricação: os nanobastões foram incorporados à resina ECO da impressora 3D Anycubic e, durante o processo de impressão, foi utilizado um ímã de neodímio para alinhar as estruturas magnéticas em tempo real. Isso fez com que os nanobastões emergissem parcialmente da superfície, gerando uma textura com orientação vertical levemente inclinada, lembrando as vigas da instalação artística. É a primeira vez que um campo magnético é aplicado durante a impressão 3D para criar nanotexturas funcionais, oferecendo uma alternativa de baixo custo e mais sustentável em relação a métodos tradicionais como a ablação a laser ou tratamentos a plasma.

A pesquisa abre caminhos promissores para aplicações biomédicas, especialmente no desenvolvimento de superfícies antivirais. Nos próximos estágios, a equipe pretende investigar o desempenho da BDIS na inativação de vírus, como o SARS-CoV-2, além de aprimorar o grau de alinhamento dos nanobastões.

Para o professor Anderson Gomes Vieira, a repercussão do estudo nos meios de comunicação e na comunidade científica reforça o papel social da universidade: “A matéria na Folha de S.Paulo representa uma ponte entre a universidade e a sociedade, contribuindo para a popularização da ciência e possibilitando novas parcerias. Além disso, é um registro histórico importante do nosso trabalho. Ter o artigo publicado em uma revista científica internacional, de acesso aberto, fortalece o impacto acadêmico e a visibilidade internacional da UFNT e da UFPE”, completa o pesquisador.

O estudo completo foi publicado em 28 de abril de 2025 e pode ser acessado pelo link:
🔗 https://doi.org/10.1186/s40712-025-00268-x


A matéria da Folha de S.Paulo, assinada por Marcelo Leite, está disponível em:
🔗Ciência imita arte exibida em Inhotim

O professor Anderson também destaca que os resultados alcançados são fruto do trabalho conjunto com os professores Petrus d’Amorim Santa Cruz Oliveira (coorientador) e Antonio Carlos Pavão (orientador), ambos do Departamento de Química Fundamental da UFPE. “Essa é uma conquista coletiva. Sem o apoio e a orientação desses pesquisadores, nada disso teria sido possível”, finaliza.