Universidade Federal do Norte do Tocantins

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Pós-Graduação

UFNT encerra primeira turma de especialização em Educação do Campo e reafirma compromisso com o desenvolvimento regional

publicado: 28/10/2025 11h00,
última modificação: 28/10/2025 11h02

Tocantinópolis (TO) – A Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT) sediou neste sábado (25), o evento de encerramento da Primeira Turma do Curso de Especialização do Campo: Escola da Terra, um marco na formação continuada de educadores comprometidos com a realidade das populações rurais da região. O encontro reuniu docentes, discentes, gestores e representantes de movimentos sociais, destacando a importância de uma educação pública, inclusiva e contextualizada.

A especialização “Escola da Terra” não apenas capacitou educadores, mas também gerou produtos de pesquisa significativos, com planos de publicar os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) em uma coletânea.

A cerimônia foi marcada por depoimentos emocionados sobre os desafios e as conquistas na Educação do Campo. A parceria entre universidades, órgãos governamentais como o Ministério da Educação (MEC) e municípios, além da Secretaria de Educação (SEDUC) e a Secretaria Municipal de Educação, foi ressaltada como fundamental para o fortalecimento do processo formativo dos educadores.

Um dos pontos centrais das discussões foi a realidade dos educadores e alunos do campo, que frequentemente enfrentam limitações de recursos e longas jornadas para acessar a educação. A professora Rejane Medeiros, Pro-reitora de Extensão e Assuntos comunitários, destacou que a Educação do Campo nasce na agenda territorial pautada pelos movimentos sociais, a partir dos povos do campo, e deve ocorrer por meio da cultura, valorizando os modos de vida e os conhecimentos ancestrais.

A Pro-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Kênia Rodrigues, reforçou a necessidade de mudar as abordagens pedagógicas e a importância de valorizar a qualificação contínua dos professores. Ela expressou a esperança de que outros cursos da universidade aprendam com a Pedagogia da Alternância.

A Pedagoga e Líder local das Quebradeiras de Coco Babaçu Cícera Soares Sousa, egressa do PRONERA e estudante da UFNT, emocionou os presentes ao relatar sua própria trajetória e a realidade de analfabetismo em assentamentos. Ela sublinhou a responsabilidade de defender a Educação do Campo, “que foi negada há 525 anos” aos trabalhadores e trabalhadoras, e a urgência de um olhar diferenciado para esse povo. “Nós temos que ter o mesmo direito do seu doutor, da sua doutora,” afirmou, enfatizando a necessidade de ocupar espaços e contar suas próprias histórias.

A fala da discente Marina Resplandes também ressaltou a dedicação e o compromisso dos professores do curso e a importância da especialização para a construção de um projeto de educação “do campo para o campo”, fruto da luta dos movimentos sociais.

O Reitor da UFNT, Airton Sieben, reiterou o compromisso institucional da universidade em atender às demandas sociais, econômicas, políticas, culturais e ambientais do Norte do Tocantins. Ele enfatizou que “a Universidade cumpre a sua missão social, a sua missão institucional, que é voltada para aquele público, para aquela região, para aquelas territorialidades”.

Para o coordenador do curso, professor Ubiratan Francisco de Oliveira, a UFNT ainda não é a universidade que desejamos, “mas já sabemos a universidade que não queremos,” o que é um passo fundamental. Ele destacou o perfil dos professores e estudantes, muitos deles filhos de quebradeiras de coco e camponeses, que levam suas realidades para a sala de aula.

O professor Bira anunciou que a UFNT buscará a regulamentação e institucionalização da Pedagogia da Alternância, além de lutar pela criação de cursos de mestrado e doutorado em Educação do Campo, para que a universidade continue “dando mais oportunidade para quem está aqui”. Ele também pontuou a importância de combater o racismo estrutural e regional nos concursos docentes, permitindo a participação de mestres da região.